
Num convento, a irmã Maria da Candura deleitava-se todas as tardes com papos de anjos e barrigas de freiras. Todas as irmãs sabiam e partilhavam do mesmo deleite, até que chegou aos ouvidos da Madre Superiora tal heresia. Não bastava combater o pecado da Gula com Temperança, era preciso uma lição para a vida. Fazendo-se valer dos seus conhecimentos em motricidade humana a Madre Superiora criou o Burpee. Como uma poção cheia de fel, ela juntou agachamento, prancha, flexão e salto numa mesma penitência. E assim nasceu o Burpee, a tortura de qualquer praticante de exercício físico. E sejam contados de um a dez, do dez até ao um, em blocos regressivos ou em exercícios intervalados, ele é sempre uma tortura. E como qualquer penitência, quando acabamos nós sabemos que o Paraíso existe, e não fica longe, ele está ali naquele momento único que nos enche de inspiração: o Aqui, o Agora e o Ainda, ainda bem que acabou.
Como a palavra da Salvação, o Burpee espalhou-se em múltiplas variações: com duas mãos ou só uma, ainda de pé ou deitado de costas, com e sem obstáculos e até onde a imaginação do crente o leve. A Divindade do Burpee é tal que ele é como Deus, um exercício completo, que está em todo o lado, que trabalha todo o corpo, e a alma.
Todos nós somos uma irmã Maria da Candura, a primeira mártir do Burpee. Por isso quando ouvir "Burpee", por mais doce que lhe pareça a voz, fuja, corra, desmaie, atire-se de um quinto andar ou converta-se.
[ escrito pelo M. ]
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