Je Suis Medieval
...nem que seja por umas horas!
são cada vez mais os eventos relacionados com recriações históricas. parece que, de repente, qualquer aldeia, vila ou cidade do nosso país - desde que tenha um castelo ou uma muralha em ruínas - é motivo, mais do que suficiente, para ser transformada numa povoação da idade média (durante uma 'meia dúzia' de dias).
aliás, só para terem uma noção de tal forrobodó, existe online uma listagem de todos os mercados medievais que existem em Portugal.
com maior notoriedade talvez os de Belmonte, Silves, Santa Maria da Feira e Óbidos. e fiquemo-nos por este último, que visitei hoje.
a decorrer desde o dia 12 de julho (e até 5 de agosto), a vila de Óbidos recebe cuspidores de fogo, músicos. jograis e figurantes trajados a rigor que nos facilitam esta viagem no tempo. se quisermos viajar mais intimamente, até podemos alugar traje.
infelizmente não consegui assistir nem ao teatro nem ao torneio (diário) a cavalo pois, mea culpa (?), fui fora de horas. Isto é, se querem ver alguma destas coisas (ou ambas) só pelas 16h ou à noite... porque apesar de ao fim-de-semana abrirem portas às 11h... só conseguirão gastar dinheiro em artesanato ou nas tasquinhas.
foi o que me restou ao ir cedo para este evento. tentando escapar-me à multidão de final de dia... escapei também à animação principal do dito mercado. e lá fui "comer para esquecer".
a oferta gastronómica de qualquer uma das tasquinhas é medieval, entenda-se: limitada. ali esperam-nos grelhados (febras, perú ou porco no espeto, entremeadas, pão (simples ou com chouriço), migas, feijão, sopa da pedra, enchidos grelhados (chouriço, morcela,...), entre outras coisas. tudo servido em loiça de barro (sujeita a pagamento de caução. assim que entregam a loiça, devolvem-vos esse valor antecipadamente pago).
ferem-se assim as susceptibilidades dos vegetarianos e veganos, que como reza a história, isso é coisa do futuro. é que nem as sobremesas (arroz doce, pudins, crepes, and so on) salvam a malta.
vi, inclusive, dois americanos boquiabertos com o facto de estarem a servir coca-cola (ainda que em copos de barro) em plena idade média. escusado será dizer que nem toda a gente sabe que isto é uma invenção muito antiga... 😂
do artesanato pouco ou nada há a dizer: artigos e artefactos pseudo medievais (como malas, cintos, machados, espadas, armaduras, peles, sapatos em pele,...) que custam um balúrdio e que servirão para sessões temáticas em casa de amigos, carnavais, decoração ou simplesmente para assustar alguém. podem sempre fazer escolhas mais "económicas" e decidir por um brasão de família magnético (para colocar na porta do vosso frigorífico medieval) ou, em última instância, experimentar uma ginjinha de óbidos em copo de chocolate. não é medieval, mas é very typical da vila e rentabiliza a deslocação.
os portugueses são poucos e comedidos nos gastos. o mais difícil foi conseguir que os japoneses, italianos, franceses, alemães,..., não me pisassem os pés. nem tudo é mau: temos a sensação de ir para fora cá dentro. sempre "fora de época".
resumindo e baralhando, a vila enche-se: de cor, boa disposição, e turistas. o bilhete é necessário a quem quer visitar o mercado "dentro das muralhas". mas encontram algumas bancas fora das muralhas, de acesso livre.
nada temam. vejam pelos vossos próprios olhos. e depois, se quiserem, contem-nos como correu.
não se esqueçam de consultar horários, preços e descontos. podem consultar o programa do mercado aqui.
nota mental: em boa verdade sou pouco dada a eventos desta natureza. afinal de contas "quem vive de passado é museu". e acho que indo uma vez... já está tudo visto. não se pode esperar muitas diferenças de ano para ano.
[ escrito pela D. ]
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