Fruta do Demo



O verão tem muito que se lhe diga. Passamos todos os dias do ano, em que as temperaturas estão a baixo dos 26ºC a desejá-lo, e quando chega, parece a Madonna a chegar a Lisboa. Estes dias de calor fazem-me lembrar quando alguém nos convida para um jantar, lá em casa, e decide que é tudo feito no forno. É um cheiro adocicado que invade a casa, um calor que não se pode e nós sorrimos…
Mas o pior do verão nem é o calor, são as cerejas.
Primeiro vemo-las à venda a olhar para nós, aquelas bolinhas encarnadas inofensivas, e pensamos que têm que ser adotadas, mas nunca adotamos só meio quilo, não vá o outro meio quilo sentir-se rejeitado. Chegamos a casa lavamo-las e provamos uma, mas elas vêm em cachos, melhor duas, a nutricionista diz para comermos fruta. Começa então a saga. Quando damos por nós é melhor uma taça para os caroços porque já não temos mãos, e enquanto procuramos a taça continuamos a comer, e já é tarde porque um caroço despretensioso já nos borrou a camisa branca que acabou de morrer para todo o sempre. O ritmo com que se comem vai aumentando e do quilo inicial já só restam 100g. mais vale aceitar que somos algozes e acabar com o sofrimento do pequeno fruto, assim como assim já se sujaram um prato, uma taça, uma camisa, as mãos e esqueci-me de me sentar para comer. Devia existir uma campanha que nos advertisse contra as cerejas, ou uma dieta só de cerejas que nos fizesse sentir parte de uma comunidade  nutricional mais ampla.

[ escrito pelo M. ]

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