Santa Luzia e o Baixa Dose



No Algarve, em agosto, vive-se uma realidade paralela. As praias deixam de ser praias e passam a ser centros comerciais nos dias em que não há futebol. Lembro-me que em pequeno era comum irmos para o Norte (note-se que baixo Alentejo para um algarvio é norte) só para não estarmos no Algarve. No período em que tínhamos que ficar no Algarve tentávamos a todo o custo ficar o mais longe possível dos recém chegados. As praias perto de casa eram invadidas e lá íamos nós a caminho da próxima praia ainda por descobrir. A terra estreita era um desses casos, com acesso só de barco, dava-nos alguma tranquilidade. Claro que isto foi há mais de xxxxx anos. Hoje é mais uma praia com encantos que em agosto perde o encanto. Ainda assim é uma das minhas favoritas. Antes de mais porque é muito bonita, a travessia é breve, o areal fino, a água morna, tem bolas de Berlim. Depois porque somos acolhidos por Santa Luzia, não necessariamente a santa, mas a aldeia. Na fronteira entre aldeia piscatória e aldeia turística, Santa Luzia guarda ainda muito do que era o Algarve pré-turismo.
Entre os dias 10 e 13 de agosto realizaram-se a Festas em Honra dos Pescadores. Assim, saídos do barco que nos trouxe da praia, deixamos as tralhas no carro e aproveitamos a capital do Polvo. A rua que separa a aldeia da Ria Formosa enche-se em animação, e é lá onde se encontram algum dos melhores restaurantes da aldeia. 


Como a nossa primeira escolha estava cheia e íamos ter que esperar, e se há coisa que não faço é esperar para comer. Fomos à segunda opção o Restaurante Baixamar, também ele conhecido pela qualidade do seu polvo. Pedimos 3 variedades de polvo: arroz de polvo, "bicha" de polvo e camarão (espetada) e coentrada de polvo.
Ponto a favor, os pratos eram saborosos e o polvo tenro e fresco. Problema, ao contrário do que acontece no resto do país as doses neste restaurante não só não dão para dividir, como mal chegam para uma pessoa. Normalmente, temos que avaliar a qualidade versus preço, o que aqui estaria mais do que ajustada, não fosse a dose ser tão parca e termos que reavaliar os critérios, adequando o critério de degustação ao restaurante tradicional. Se lá forem, já estão avisados, não pensem que vão encher a barriga porque não vai acontecer. Para a próximo espero para comer, que isto do Karma é tramado.

Por sorte, com a festa há "barracas" de doces e entre eles uns bolinhos de amêndoa, uns Dom Rodrigo, umas tortas de Alfarrobas e preços convidativos para mais uma, que só adoçam mais as adocicadas noites do Algarve.


Preço médio/pax. 25€-35€
Valores de referência 2018: Prato 15€; sobremesa: 4,5
Encerra à segunda-feira;
Sem estacionamento
Av. Eng. Duarte Pacheco 32, Santa Luzia
Tem opções vegetarianas;

Avaliação: 5,9 em 10

[ escrito pelo M. ]


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